A preocupação com a sustentabilidade mudou a cara das antigas profissões. A responsabilidade ambiental agora esbarra em todos os profissionais, desde engenheiros a empresários. Modinha ou não, a verdade é que o interesse pelo conceito eco-friendly tem pautado produtos e serviços – e a garantia de que não agridem o meio ambiente se torna um diferencial.
A artista plástica Graziela Pinto, que reaproveita material e trabalha consciência ambiental e de cidadania em suas instalações, acredita que profissionais que associam sustentabilidade ao conceito de sua marca estão um passo à frente. “É algo que todo mundo tem que se preocupar e mobilizar. É claro que aproveito o meu processo criativo para transmitir a positividade, liberdade e vivacidade, em diversas formas de contexto. E tudo isso tem a ver com o trabalho social que realizo.”
Duas séries criadas por Graziela têm foco na sustentabilidade. A “Cuidado Frágil”, por exemplo, reaproveita materiais de catálogos, livros e revistas que iriam parar no lixo para as colagens e construção do cenário. “Seu conceito sustentável já está explícito na mensagem ‘cuidado frágil’”, explica.
Já a instalação “Estamos todos juntos” foi trabalhada de forma mais lúdica. “Faço um link com a energia global e a consciência de um todo, além de dar o recado de alerta. Na obra, a lei natural da física quântica de ‘ação e reação’ prevalece. Uma sobreposição e união de bolas interligadas representam a equação de que o que fazemos aqui, recebemos aqui”, conclui.
Certificado verde
A arquiteta Flávia Machado viu que poderia aliar sustentabilidade e profissão ainda na faculdade, em 2002. “Para mim, este é o único caminho que deve ser seguido”.
Ela é uma das que lutam pela total implementação, no Brasil, do selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações sustentáveis. “Um projeto de arquitetura não pode ser considerado bom se não tiver atenção ao meio em que está inserido, à racionalização de processos e à qualidade de vida”, defende.
Para ganhar o selo verde, a obra deve atender sete principais quesitos: uso racional da água; eficiência energética; redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos; qualidade dos ambientes internos da edificação; espaço sustentável; inovação e tecnologia; e atendimento a necessidades locais.
Porém, ainda não é fácil trabalhar com o selo verde no país, mas Flávia diz que o interesse dos clientes e também de outros profissionais tem crescido. “A vantagem é que agora os arquitetos estão voltando à fazer projetos nos quais a estética não é a única preocupação”, comemora.