A Avenida Paulista foi o cenário de mais um acidente envolvendo carro e bicicleta. Na manhã de domingo (10), por volta das 5h30, o ciclista David Santos de Souza, de 21 anos, foi atropelado e, com o impacto, seu braço direito foi amputado e ficou preso ao automóvel. O motorista, Alex Siwek, de 22 anos, fugiu sem prestar socorro e jogou o braço no córrego Ipiranga, na Rua Ricardo Jafet.
O ciclista foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao Hospital das Clínicas, onde permanece internado. No início da tarde de ontem, o motorista se apresentou na base do 3º Batalhão da PM, no bairro da Saúde, e foi conduzido ao 78º Distrito Policial, nos Jardins.
Para William Cruz, criador do site Vá de Bike, o atropelamento não pode ser chamado de acidente. “Sim, crime. Não há como chamar de acidente um atropelamento em que o motorista, aparentemente bêbado e acima do limite de velocidade, além fugir sem prestar socorro ainda leva o braço da vítima dentro de seu carro por 7 km para jogá-lo em um córrego, numa atitude fria e inacreditável”, escreveu o cicloativista em seu site.
Em entrevista ao Portal SWU, William defendeu o uso de vias como a Avenida Paulista pelo usuário de bike. “São avenidas largas, bem iluminadas e planas, que favorecem o ciclista. São vias que poderiam ser seguras não fosse a atitude de alguns motoristas, que tentam inibir a presença de bicicletas”, avalia. Ele também acredita que o poder público deve começar a investir em estruturas segregadas, como a ciclovia, que não compartilha o mesmo espaço com o automóvel.
Punição
O advogado de Alex, Cássio Paoletti, que o acompanhava ao 78º Distrito Policial, disse que o cliente não prestou socorro à vítima porque temeu a reação de pessoas que estavam próximas ao local do acidente. A mãe do ciclista atropelado, Antônia Ferreira dos Santos, esteve no 78º DP e disse que espera justiça. Ela também contou que ouviu do filho a afirmação de que ele estava na faixa destinada à ciclofaixa quando foi atingido pelo automóvel. No entanto, no horário do acidente, a ciclofaixa da Avenida Paulista ainda estava desativada.
Por volta das 21h de domingo, Alex Siwek foi transferido para o 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, onde ficará preso. O estudante de psicologia foi indiciado por homicídio doloso, omissão de socorro, fuga de local de crime e por crime de trânsito.
Porém, o cicloativista William teme que esse seja mais um caso de impunidade. “Vários casos emblemáticos não deram em nada. Isso nos revolta, porque a impunidade estimula novos crimes”, acredita.
Manifestação
Cerca de 90 ciclistas se reuniram na Praça do Ciclista a partir das 16h30 para protestar contra o acidente. Eles percorreram a Avenida Paulista até o local do acidente, na altura da estação de metrô Brigadeiro, e depois seguiram para a delegacia onde Alex Siwek, acusado do atropelamento, prestava depoimento.
Durante o protesto, os manifestantes gritaram palavras de ordem, carregaram cartazes em que chamavam o motorista de “covarde” e deitaram na via, interrompendo o tráfego de veículos.
Uma nova manifestação, programada para o dia 17 de março, já está sendo organizada através das redes sociais.
além de termos que conviver com a tristeza do fato, fico indignado que as autoridades ainda considerem como crime culposo,entendo que quando dirigimos com imprudência assumimos a responsabilidade, e isso é dolo, tenho um filho de 05 anos que está inciando no ciclismo e já me preocupo com a forma com que as autoridades estão julgando o caso.
É impagável.