Paulinho da Viola, um dos maiores sambistas brasileiros, lançou em 1975 uma canção em homenagem ao meio ambiente e aos seus defensores. “Amor à natureza”, presente do disco que ficou conhecido também por esse nome – por ter na capa a imagem de uma mão segurando uma única folha – descreve um planeta cansado, cheio de nuvens cinzentas de poluição, com blocos de concreto ocupando espaço onde antes reinavam as árvores.
Porém, nem tudo é tristeza nessa canção do sambista. Paulinho honra aqueles que “lutaram com ardor em nome do amor à natureza” e termina dizendo que ainda há razão para ser otimista em relação a futuro: “uma semente atirada num solo fértil não deve morrer.”
Amor à natureza – Paulinho da Viola
Relíquia do folclore nacional
Jóia rara que apresento
Nesta paisagem em que me vejo
No centro da paixão e do tormento
Sem nenhuma ilusão
Neste cenário de tristeza
Relembro momentos de real bravura
Dos que lutaram com ardor
Em nome do amor à natureza
Cinzentas nuvens de fumaça
Umedecendo meus olhos
De aflição e de cansaço
Imensos blocos de concreto
Ocupando todos os espaços
Daquela que já foi a mais bela cidade
Que o mundo inteiro consagrou
Com suas praias tão lindas
Tão cheias de graça, de sonho e de amor
Flutua no ar o desprezo
Desconsiderando a razão
Que o homem não sabe se vai encontrar
Um jeito de dar um jeito na situação
Uma semente atirada
Num solo fértil não deve morrer
É sempre uma nova esperança
Que a gente alimenta de sobreviver