Loja usa bonecas de pano para promover diversidade e inclusão social

Joyce Venâncio e as bonecas da loja Preta Pretinha

A Preta Pretinha, loja de bonecas na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, é um sonho de infância realizado. Há 12 anos, as irmãs Joyce, Lúcia e Cristina Venâncio usam bonecas de panos negras, orientais, muçulmanas, indígenas. Mas a ousadia maior foi quando a loja começou a confeccionar bonecas amputadas, na cadeira de rodas, com Síndrome de Down, deficiências auditiva e visual e até uma que passou por quimioterapia.

“Essas pessoas ainda sofrem muito com preconceito e é algo que precisa ser trabalhado a cada dia. Acredito que esse é o papel dessas bonecas”, diz Joyce. Ela tem a prova de que está no caminho certo quando alguém chega à loja, pega uma boneca parecida com ela e sorri. “Sei que alcancei meu objetivo”, completa a dona, que usa o trabalho para promover diversidade cultural e inclusão social.

Boneca deficiente visual com seu cão-guia

Começo

A Preta Pretinha começou apenas com as bonecas orientais e, claro, negras, mas que fugiam dos estereótipos. “Nunca quis uma coisa meio Nega Maluca, com boca grande, roupa espalhafatosa. Minhas bonecas representam a beleza negra como ela é”, resume.

Joyce não se identificava com as Barbies que ganhava quando criança. “Eu queria uma boneca que se parecesse comigo e era quase impossível achar. Pedi para a minha avó me fazer uma”, lembra. Foi com a avó que Joyce aprendeu sua maior lição: a auto estima. “Ela me ensinou a importância de ser negra e de lidar com a diversidade”.

Mas aos poucos, Joyce percebeu que outras belezas também mereciam destaque. Foi aí que surgiram as bonecas ruivas, índias, albinas, pardas e indianas. Depois, Joyce começou a trabalhar com deficiências. Hoje a loja é referência na área de brinquedos educativos e pedagógicos.”Muitas escolas que trabalham com educação lúdica nos procuram e sempre há visitas de alunos tanto da rede pública quanto particular”, conclui.

(Caroll Almeida)