Com seus bares, baladas, cinemas, teatros, carros, skatistas, ciclistas, pedestres, punks, góticos, emos, prostitutas, patricinhas, evangélicos, executivos e estudantes, a Rua Augusta é hoje apontada como um dos polos de maior pluralidade no mundo – se não o maior. Procure no planeta um local em que tantas tribos e gêneros dividam a mesma fila de cinema, ou mesa de bar, e terá dificuldade em achar. Não à toa, a rua transformou-se, talvez, no principal ponto turístico da cidade. Mas, eis que, no meio disso tudo, “reluz” um fato: a falta de luz da via. Escura, a rua tem os mesmos postes de luz desde 1970, em apenas um lado da calçada, falta que incomoda os pedestres.
“Uma via com tanta gente, mal iluminada como é a Augusta, é perigoso, porque isso aumenta os riscos de assalto e de atropelamento”, comentou Raphael Tavares, estudante de 26 anos. “Tinha que ter postes de luz mais modernos e em maior quantidade”, completou. Para Laura Garcia, estudante boliviana que veio à São Paulo como turista, a iluminação é o destaque negativo: “Adorei a Augusta! Mas, por que tão escura?”.
Pois bem, ao que tudo indica, isso vai mudar. Segundo Araldo Castilho, diretor de planejamento da Ilume, departamento responsável pela iluminação pública da cidade, a mudança deve acontecer em 2014. Sim, a Rua Augusta deve ficar mais iluminada em, no máximo, dois anos. “A remodelação deve ser contemplada ainda no atual contrato que a Prefeitura mantém para as intervenções na rede de iluminação pública. Tal contrato tem validade até o ano de 2014”, disse Castilho.
Luz Amarela X Luz Branca: entenda
A primeira mudança na Rua Augusta foi feita há 12 anos, quando as lâmpadas de mercúrio – de baixa luminosidade e alto gasto energético – foram substituídas. Atualmente, são usadas as lâmpadas de vapor de sódio, aquelas de 250 watts e de luz amarelada, mais fortes que as anteriores, mas que também não emitem luminosidade suficiente para dar mais segurança aos inúmeros visitantes e comerciantes da movimentada rua.
A intenção, segundo a Ilume, que admite a urgência no caso da Rua Augusta, é trocar as atuais lâmpadas pelas de vapor metálico – como as da Avenida Paulista -, ou de LED, usadas na Avenida Bernardino de Campos. “Ambas têm o mesmo efeito visual, com luz branca e forte, que aumentam os níveis de luminosidade e reproduzem melhor as cores, fazendo com que nossos olhos possam perceber melhor os contrastes”, comentou o diretor da Ilume.
Para se ter uma ideia, a lâmpada de vapor metálico (usada na Paulista), por exemplo, ilumina até 300% a mais que a de vapor de sódio (da Augusta) e ainda tem um gasto energético muito menor, chegando a economizar 70% de energia. Já as de LED iluminam 8 vezes mais e permitem economizar entre 60 e 90% se comparadas às lâmpadas incandescentes convencionais.
Planejamento
Para definir qual a melhor lâmpada em termos de luminosidade, economia e custo, a Ilume está realizando um estudo de viabilidade para a instalação de luminárias no primeiro trecho da Augusta, chamado de Baixo Augusta – que vai da Rua Martins Fontes até a Avenida Paulista.
“O estudo é importante, já que essas luminárias são cinco vezes mais caras que as tradicionais. Assim sendo, é necessário calcular e verificar se a economia energética compensará os gastos maiores de implantação”, explicou Castilho. Vale lembrar que só na Paulista o investimento foi de R$3,5 milhões. Ainda não se sabe quanto custará a melhoria na Rua Augusta.
Mas, será que não existe uma lâmpada intermediária, de luz branca, tão econômica quanto as de LED e vapor metálico, mas com custo menor? Não. A Ilume disse que quando se trata de iluminação pública são utilizadas apenas quatros tipos de lâmpadas: vapor de sódio (amareladas e fortes, porém menos sustentáveis), de mercúrio (brancas, mas bem fracas), metálico (brancas e fortes) e LED (brancas e fortes). “O estudo vem contemplar justamente qual será o modelo utilizado. Inicialmente, pensa-se em utilizar LED”, concluiu.
A data está perto, 2014 é logo aí, agora é anotar e cobrar! Os paulistanos, os brasileiros e o mundo agradecerão.
Carol Almeida
Fotos: Theo Lambert