Normalmente é assim, quem se identifica mais com um certo gênero ou estilo, sempre vai atrás de recortes de revistas, filmes, álbuns raros e livros para saber o que desencadeou tal movimento musical. Guerras? Crise econômica e política? Desemprego? Governos repressores? Elementos sociais podem ter mais a ver com o surgimento da sua banda preferida do que você imagina.
Sex Pistols, Elvis Presley, Nirvana, Titãs, Clash, Legião Urbana, os Beatles… talvez esses caras não teriam cravado o nome da história do rock’n'roll se não soubessem “tirar proveito” do contexto social e político da época. Separamos aqui uma lista com cinco importantes livros que explicam como nasceram alguns dos mais importantes movimentos musicais do mundo, como o punk, o britpop e, para não deixar de fora o verde-amarelo, a Tropicália e a geração BRock.
Ah, vale dizer que não são biografias de tal banda ou artista, hein? Se liga:
Mate-me por favor, de Legs McNeil e Gillian McCain
Anos 70, meados da Guerra Fria, a decadência da ideologia hippie e uma Inglaterra conservadora que ignorava o caos em que o país estava. Jovens desempregados, que se sentiam à margem e sem perspectivas começaram a criticar o governo, os impostos, a pobreza e a chocar a sociedade com um visual sujo, roupas rasgadas, cabelos em pé. Mate-me por favor traz a história do punk na Inglaterra e Estados Unidos contada pelos artistas e músicos que viveram e construíram o movimento, como Malcolm MacLaren, os Ramones, Sex Pistols, Iggy Pop e outros. Vale a leitura!
Dias de Luta – O rock e o Brasil nos anos 80, de Ricardo Alexandre
O fim da censura, a tão sonhada abertura política do País e a libertação daqueles que cresceram aguentando aulas de “moral e cívica” nas escolas, os filhos da revolução, como bem disse Renato Russo. A explosão e o exagero vieram em forma de rock’n'roll e surgiram bandas e músicos como Blitz, Legião Urbana, Titãs, RPM, Barão Vermelho, Lobão, Lulu Santos. O autor fez mais de 100 entrevistas com 77 artistas, relacionando o Brock e o novo contexto social e economico do Brasil. É neste livro que está a última de Renato Russo, feita três meses antes da morte do músico.
Tropicália, a história de uma revolução musical, de Carlos Calado
Quem diria que um movimento que durou coisa de um ano (1967-1968) conseguiria revolucionar a música brasileira? Em Tropicália, o escritor Carlos Calado conta como Caetano conheceu Gilberto Gil, que conheceu Gal, Tom Zé, os Mutantes e, assim, formaram uma turma interessada em romper com o “marasmo” da música brasileira, pouco inovadora e que torcia o nariz para as influências estrangeiras. O grupo tropicalista defendia os arranjos diferentes, a guitarra elétrica, a mistura do clássico, do rock, do baião, e letras que iam além de críticas e protestos.
The Last Party: Britpop, Blair And The Demise Of English Rock, de John Harris
Também encontrado sob o título de “Britpop!: Cool Britannia And The Spectacular Demise Of English Rock”, o livro esmiuça o nascimento, o apogeu e a queda do rock inglês nos anos 90. Época em que o partido trabalhista estava em alta, Tony Blair era eleito – com a promessa de “apagar” a sombria era de Margaret Thatcher – e o otimismo começava a fazer parte da juventude. Neste contexto estão bandas como Blur, Pulp, Oasis, Elastica, Menswear, que renovaram a cara da música britânica.
História social do jazz, de Eric Hobsbawm
Considerado um dos maiores historiadores, Eric Hobsbawm retrata o jazz como protesto social, como afirmação contra a opressão política da classe dominante. O autor mostra o jazz como um movimento social negro, que nasceu como valvula de escape dos trabalhadores oprimidos. Berços do movimento como New Orleans e ícones do gênero como Charlie Parker, Loius Armstrong, por exemplo, também fazem parte da narrativa, que alia a história do jazz com as pessoas, os ambientes sociais e a política da época.
(Caroll Almeida)
Incrível como só um livro é de autoria de um historiador.