O nome de batismo é José Geraldo da Silva, mas pode chamar de Homem-natureza. Com uma fantasia espalhafatosa de folhas, animais, flores, e segurando uma miniatura do planeta Terra, o mineiro de 52 anos, nascido em Pedra Azul, virou “celebridade” na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20.
A fantasia que até nome tem (Amar a natureza faz bem ao coração) foi usada pela primeira vez em 1999, em São Paulo, quando José Geraldo correu a São Silvestre. “Já tentei trocar, mas virei folclore, todo mundo quer a fantasia de árvore”, disse ele num papo com o Portal SWU. O Homem-natureza ainda revelou um sonho ao nosso portal: conhecer a floresta amazônica.
Quando começou essa história de “homem-natureza”?
Eu queria fazer algo para chamar atenção, mostrar que devemos salvar a natureza. Mas eu não sabia exatamente como. Num carnaval, eu vi duas pessoas fantasiadas de árvore. Pensei: taí, vou me vestir de floresta. A primeira vez foi na São Silvestre de 1999, em São Paulo.
Quem banca as suas viagens?
Sai tudo do meu bolso mesmo. Não tenho patrocínio, são sou de ONG, nem quero ser. Eu junto do meu salário, sou montador de máquina na minha cidade. E o meu patrão, às vezes, me dá uma ajudinha.
Seu patrão te liberou do serviço numa boa quando você disse que viria para o Rio?
Ele sempre me libera. Ele, apesar de não ser ecologista declarado, me apoia 100%. E lá na empresa eles ficam todos doidos me procurando em site, em jornal (risos).
E para quais outros lugares você já viajou de homem-natureza?
Ixa, muitos lugares. São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Brasília… Esses são os que consigo lembrar de cabeça agora. Alguns desses lugares já visitei mais uma vez.
Tem algum lugar que você tem vontade de conhecer?
Não conheço a Floresta Amazônica. Sou o homem-floresta e não conheço a mais importante do mundo. Mas, se Deus quiser, antes de morrer, eu vou realizar esse sonho. Fico emocionado de me imaginar no meio daquele verde, daquela paz. Queria também conhecer Nova York.
Por quê?
Queria correr a maratona de lá vestido com a fantasia. É um sonho que tenho também. Sei que lá eu poderia divulgar melhor meu trabalho, minha ideologia, representar o povo brasileiro. A Amazônia é um sonho do meu coração. Nova York seria para aparecer e passar a mensagem.
E que mensagem você quer passar?
Nós temos que preservar. Assim como a água é fonte da vida, o verde é o símbolo de todas as plantas. É como preservamos a nossa própria vida. Eu não entendo. Por que o homem tem que destruir se ele pode preservar? Se ele destrói, como ele vai plantar? A coisa que mais me revolta é quando eu vejo uma queimada, alguém derrubando uma árvore. Todo mundo quer um futuro melhor pros filhos. (Nessa hora, José se emociona)
Você tem filhos?
Sim. Sou pai solteiro. Tenho uma filha de 17 anos. Ela fica louca quando me vê na internet. Tem orgulho de mim.
Você já pensou em se vestir de outra coisa?
Já tentei trocar, mas virei folclore, todo mundo quer a fantasia de árvore.
É cansativo carregar essa fantasia?
Nunca. Eu faço com o maior prazer. Ela pesa uns 3 quilos, até 7 quando está molhada. Mas qualquer sacrifício vale pela natureza.
E quando acabar a Rio+20? O que você vai fazer?
Vou ficar mais uns dois dias no Rio. Ah, quero aproveitar essas praias aqui, né? Também sou filho de Deus!
(Caroll Almeida)