Virada Cultural democratiza as artes, os espaços urbanos e leva a periferia para o centro de São Paulo

Público prestigia a Virada Cultural na Estação da Luz, no ano passado

São Paulo se encontra na Virada Cultural. A frase é bem mais que o slogan do evento. Resume o espírito da festa paulistana que mistura, em frente a um mesmo palco ou dentro do mesmo teatro, durante 24 horas seguidas, manos, patricinhas, hipsters, mendigos, moderninhos, idosos e crianças. Gente de bairros centrais, mas também gente que sai de muito longe para prestigiar o evento.

Veja a programação completa da Virada Cultural 2012

Josenilda Bispo dos Santos, que trabalha como diarista e mora no Jardim Ângela, quer assistir aos espetáculos no Vale do Anhangabaú. “Para mim, o lugar mais fácil de chegar”, diz. Para não ficar sem companhia, Jô, como é chamada, vai levar as duas filhas. “Vi numa reportagem na TV que vai ter ônibus o tempo todo. É um incentivo pra gente ir”, justificou.

Se quiser virar a noite na Virada Cultural, que dura das 18h do dia 5 até as 18h do dia 6, Jô vai ter toda a frota do transporte público funcionando normalmente. Vai poder sair do Vale do Anhangabaú de madrugada, pegar ônibus ou metrô, e ver um espetáculo no Sesc Itaquera. (veja programação completa abaixo).

Coordenador do evento, José Mauro Gnaspini explica que a Virada Cultural nasceu justamente para agregar pessoas de diferentes classes sociais, faixas etárias e tribos. “A Virada cumpre um papel social necessário para a cidade. Todos são convidados para a mesma festa, para ocupar as ruas, conviver uns com os outros, sair do confinamento do carro, do cotidiano de trabalho”.

A democratização vai além do acesso à cultura, às artes. A Virada também pretende que os paulistanos ocupem São Paulo. “Precisamos recuperar o afeto pelo centro da cidade, pelas periferias. A Virada estará presente por 24 horas na vida da cidade, nos bairros mais próximos até os mais distantes”, lembra o coordenador.

Precinho camarada

A Virada Cultural socializa, nessa oitava edição, mais do que música, arte, teatro. Dessa vez, quem estiver no centro da cidade, mais exatamente nas pistas do Elevado Costa e Silva, o Minhocão, poderá apreciar sofisticados pratos de chefs de cozinha por preços populares, de R$5 a R$15.

Jô, que até então não sabia da novidade, achou uma beleza “comer comida boa por preço barato” e diz que “talvez, se o cansaço deixar”, vai tentar experimentar as iguarias. O chef Alex Atala, por exemplo, vai começar a servir sua tradicional galinhada a partir da 0h de domingo. Hamburguer de pato com maionese trufada, sanduíche de frango defumado, baião de dois e sopa de cebola são alguns dos outros pratos que serão servidos pelos demais chefs badalados do evento.

Mas não é só comida “metida à besta” que entra no cardápio da festa. Entre as opções gastronômicas das 112 barracas montadas está a velha e deliciosa dupla pastel e caldo de cana.

Virada na Cracolândia

O evento deste ano também ganha mais um território para a cultura: avança pelas ruas da região da cracolândia, no centro, que há quatro meses está sob ocupação da Polícia Militar. Pistas com DJs serão instaladas em ruas como a Dino Bueno, a Barão de Piracicaba e a Helvétia, antes completamente tomadas pelos viciados em crack.

“Eu vejo uma necessidade de que as pessoas circulem por lá”, diz o coordenador do evento. “Se foi feita uma desocupação, agora fazemos uma ocupação. É importante que se perceba o potencial urbanístico dessa região, que o olhar se volte para a Cracolândia”, completa.

 


 

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Uma resposta a Virada Cultural democratiza as artes, os espaços urbanos e leva a periferia para o centro de São Paulo

  1. Lilian disse:

    Deu vontade de morar em SP para aproveitar esse grande evento!