Uma pesquisa feita pelo Ibope mostrou que 85% dos brasileiros estariam dispostos a separar o lixo em casa caso a coleta seletiva fosse feita pelo município onde vivem. O estudo foi encomendado pelo Programa Água Brasil e desenvolvido em parceria com Fundação Banco do Brasil, WWF Brasil e Agência Nacional de Águas (ANA).
A assessora Eula Lobo, de 26 anos, que faz coleta seletiva em casa desde 2007, acredita que falta um pouco mais de boa vontade, não só do poder público. Ela começou a separar o lixo antes mesmo de ter um programa de coleta seletiva onde mora. “Faço desde 2007. Antes eu mesma levava na cooperativa, mas hoje tem um caminhão que passa uma vez por semana”, explicou.
Fazer coleta seletiva em casa, mesmo que a cidade não ofereça estrutura adequada, facilita a vida dos catadores, que recolhem das ruas o que é reciclável e levam para as cooperativas. “Separo dois lugares diferentes. Lixo convencional para os materiais orgânicos e outro para os recicláveis. Mas é preciso ter cuidado”, avisa Eula.
Antes de fazer coleta seletiva é necessário lavar todos os recipientes, como latas, caixa de leite, frascos de iogurte por exemplo, e depois deixar secando. “Se a embalagem estiver molhada, pode danificar e perder o potencial de reciclagem.” Quanto melhor o material estiver, mais ele valerá para o catador e mais fácil será a reciclagem.
Ajudar o catador também é uma das prioridades da tradutora Gisele Dionísio da Silva, de 31 anos, que faz coleta seletiva desde 1990, quando ainda morava na Inglaterra. “Além de contribuirmos com o meio ambiente, podemos ajudar também os inúmeros profissionais que tiram seu sustento dessa atividade e ajudam a retirar diversos resíduos das ruas.”
Mudança
A pesquisa do Ibope também revelou que a maioria da população (64%) não é atendida pela coleta seletiva e 1% nem sabe o que é isso. Entre os 35% que são atendidos, em apenas metade dos casos o serviço é prestado pela prefeitura. A outra metade é informal, prestada por catadores de rua, cooperativas ou associações.
Implementar a coleta seletiva e incentivar que os moradores separem o próprio lixo não é só importante, também é urgente. Em 2014 acaba o prazo para que os municípios acabem com os lixões e aterros, a chamada Política Nacional de Resíduos Sólidos. Mas para o coordenador do Programa Educação para Sociedades Sustentáveis do WWF Brasil, Fábio Cidrin, o desafio é grande e não há sinais de que as metas serão cumpridas.
O estudo foi feito com 2.002 entrevistados em todas as capitais e outros 73 municípios do País. As informações são do site da WWF Brasil.