O azeite de dendê, aquele óleo responsável pelo sabor típico de iguarias baianas como o acarajé e a moqueca, saiu da cozinha e foi parar no tanque de uma caminhonete que viajou do Brasil até o Peru só com o biocombustível.
O projeto, chamado de Travessia Interoceânica B100, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em parceria com uma empresa de automóveis. Foram usadas duas picapes, uma abastecida com diesel convencional e a outra com 100% biodiesel, energia renovável produzida a partir do dendê.
Com a longa viagem, os pesquisadores pretendem chamar a atenção para a necessidade da expansão dos biocombustíveis no Brasil e mostrar as vantagens de utilizar o biodiesel misturado ao diesel no setor de transportes.
Caminho
A Travessia Interoceânica B100 saiu de Salvador, na Bahia, e passou por Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, além do Distrito Federal, até chegar ao Peru. A viagem durou 17 dias, contando os dias de ida e volta, e percorreu o total de 12.350 quilômetros. No percurso, a equipe enfrentou altitudes superiores a 4 mil metros e temperaturas de até -8º, adversidades que comprovaram a viabilidade do combustível renovável feito a partir do dendê.
E tem mais. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo ainda mostraram como o dendê é mais vantajoso que a soja quando o assunto é biodiesel. Enquanto a soja gera 400 litros de óleo por hectare plantado, o dendê gera 4 mil litros no mesmo espaço.