É impossível não notar a face militante de alguns membros do Bicicletada, um dos principais grupos de ciclistas noturnos de São Paulo. Aliás, foi assim que o grupo nasceu: para protestar e pedir visibilidade ao ciclista.
Criado em 1992, em São Francisco, nos Estados Unidos, como o nome de Critical Mass (Massa Crítica), o grupo foi, mais tarde, aqui no Brasil, rebatizado de Bicicletada. E o rolê, sempre na última sexta-feira do mês, acontece em mais de 300 países. Em São Paulo, anote aí, o encontro/manifesto é sempre às 18 horas, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.
E esse espírito de protesto estava presente na última Bicicletada em Sampa, dia 30 de março. Os bikers estavam lá para, também, dizer “não” a mais um acidente que matou um ciclista – dessa vez no Rio de Janeiro, envolvendo Thor Batista, filho de um dos homens mais ricos do mundo, o brasileiro Eike Batista.
Com cartazes dizendo “Todos somos Wanderson” (nome do homem atropelado por Thor) o protesto ganhou voz – e muitos estavam com fantasias que lembravam o famoso personagem dos quadrinhos da Marvel, Thor. Martelos, capas e até o capacete alado podiam ser encontrados no meio dos cerca de 200 ciclistas que participaram do passeio noturno.
Além do costumeiro protesto visual – que inclui também a entrega de panfletos a motoristas e pedestres – os ciclistas gritam em coro, durante todo o percurso, frases de impacto como “Mais amor, menos motor!”, “Menos carro, mais bicicleta!”, e outros cantam, ainda que timidamente, trechos de “Bicycle Race”, música do Queen.
O fato é que, para protestar, ou só para pedalar, você será bem-vindo ali.
Caroll Almeida