ONG faz ação arriscada e prende pessoas no elevador para educar sobre tráfico de animais

Já ficou preso dentro do elevador?

Foi assim que a ONG SOS Fauna Brasil conseguiu chamar a atenção para o problema do tráfico de animais silvestres: prendendo pessoas no elevador para que elas sintam na pele como é ficar sem liberdade – nem que seja por alguns segundos.

A campanha, em parceria com a Media Contacts, é forte e polêmica. Para a coordenadora da ONG 350.org, Paula Collet, a ação é válida do ponto de vista do ativismo. Mas, do ponto de vista da cidadania, Paula classifica a ação como arriscada.

“A diferença entre conhecer o problema e agir contra ele é muito grande e, por isso, às vezes, é preciso fazer ações que ‘chacoalhem’ as pessoas, para que elas possam agir mais. Mas é o tipo de ação que choca”, disse. Para ela, o fim (conscientização) é interessante, mas o meio (prender em um elevador) expõe as pessoas.

Isaac Edington, criador e diretor-presidente do Instituto EcoDesenvolvimento, acredita que as campanhas tradicionais podem muitas vezes não funcionar e parabeniza a criatividade da ONG. “É bacana uma campanha que mexa com o emocional das pessoas, desde que os organizadores se preocupem com a segurança de cada um”, disse.

Desespero

Cerca de 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza e sofrem maus tratos, todos os anos, no Brasil. Na tentativa de escancarar o problema, a SOS Fauna Brasil parou um elevador por alguns segundos e filmou as reações – geralmente de medo e susto – das pessoas. Depois, quando o elevador descia e as pessoas eram “liberadas”, ativistas entregavam um panfleto com os dizeres: “Se ficar preso por alguns segundos já é assustador, imagine por toda a vida”.

A coordenadora da 350.org acredita que, apesar do choque, a experiência é eficaz porque aproxima, guardadas as devidas proporções, a realidade da pessoa da do animal. “É uma ação que funciona mais que uma panfletagem ou uma propaganda na televisão, por exemplo. Você pode mostrar um animal enjaulado, mas a experiência de passar por uma situação de clausura mexe muito mais com o emocional dela”, explicou.

E para você, a experiência é válida?